Por Rui Eduardo Paes:

 

“Na minha actividade como ensaísta/jornalista cultural, crítico de música, programador de concertos e curador estou sempre à procura de artistas cujo trabalho tenha uma característica especial e diferenciadora. Foi essa particularidade que encontrei em Érika Machado, e tanto enquanto artista visual como enquanto cantautora. O mesmo tipo de postura e intervenção define o que faz na área da criação plástica (desenho, pintura, criação de objectos artísticos de variado teor, video-arte, animação) e na área da música: há uma superfície, um primeiro dar-a-ver e dar-a-ouvir, que na sua aparente limpeza formal e simplicidade de conteúdos (ou na sua aparente “ingenuidade”) parece totalizar o significado de cada obra. O que erradamente julgaríamos ser uma pop art e uma música pop sem densidade são, afinal, encenações de uma condição adolescente e de fácil assimilação, funcionando como um clin d’oeil, um armadilhamento perceptivo, um trabalho de ironização. Muito depressa somos remetidos para algo de mais complexo, a camada exterior soltando-se e permitindo-nos o desvelamento de outras que vão indo mais fundo. É então que mais leituras se proporcionam e que se entende a dimensão crítica intencionada, aos níveis social, cultural, político e económico, chegando até ao extremo de uma problematização existencial, um colocar em causa dos dados adquiridos da vida em sociedade.”

Para terminar, deixo aqui uma fotografia tirada com os meus grandes parceiros, John Ulhoa (meu produtor, amigo do peito e Mestre), e Daniel Saavedra (guitarrista, salva roubadas, amigo do peito e companheiro de todos os rolés fazendo shows pelo Brasil).
Essa foto é do meu coração, porque os dois marotinhos espetaculares são os meus maiores parceiros nessa empreitada de querer botar minhas músicas nesse mundão de meo deos.